28 de junho de 2013

Contra Mão Hormonal

- Mayra

Mais uma vez, acho mais divertida a versão anglofônica do título. "Hormonal Wrong Way" carrega um juízo de valor que nos faz refletir sobre o certo e o errado para cada um. Deixe-me explicar.

Lá pelo começo do ano - janeiro ou fevereiro, não me recordo precisamente (assim como de nada na vida, mas... divago) - eu parei com os antiandrógenos. Dos 5mg diários de Finasterida e 50 de Espironolactona, fiquei com somente 1mg diário do primeiro por controle de queda de cabelo. Para evitar que as entradas laterais do couro cabeludo se desenvolvam, acontecimento de altíssima probabilidade dada a ausência completa de cabelo na cabeça do meu pai e do meu tio. Hoje reflito sobre todos os efeitos e repenso essa atitude.

26 de junho de 2013

Fogos de Artifício

- Mayra

Uma conhecida me enviou um pequeno texto falando sobre suas sensações eufóricas, agora quando decidiu dar os primeiros passos concretos na sua transição. Deixarem o relato aqui para passar, com a maior precisão possível, a imagem do coração de uma menina nesse estágio.

Depois de um ano e meio da minha própria, já sou velha carcomida no assunto, então serve também para refrescar o portfólio de contos, non?

Nas palavras dela mesma, abaixo:
Olá May!

Tudo bem!
Quero informá-la que dei os primeiros passinhos para a minha transição!

Ainda tem muito chão! Mas estou confiante!

21 de junho de 2013

Teatro de Sombras

- Mayra

Que me perdoem todxs xs leitorxs pela total desvirtuação do propósito do blog, mas o post de hoje é sobre o movimento político recente e atual no Brasil. Após acompanhar vociferadamente as notícias e relatos pela internet e pelo meu Facebook, que tem quase 800 pessoas de todos os tipos, incluindo figuras muito importantes na militância brasileira, afirmo que há uma grandíssima chance de termos um governo ditatorial até o fim da década.

Anarquismo e Nacionalismo, símbolo de tudo que havia na passeata.
Eles entendem dessas nuances ou só conhecem a máscara pelo filme "V"?

17 de junho de 2013

A Liberdade da Prisão

- Mayra

Esse post elabora um pouco melhor a história da menina do Acre que eu mostrei há algum tempo.
"Para começar a falar sobre como me assumi no trabalho fico sem graça de falar, pois foi tão natural. Vou começar sobre a o entendimento que eu tenho sobre mim mesma desde a infância, espero que tenha paciência para ler.

Na infância eu não tinha desejos sexuais por homens obviamente, porém afetivamente sim. Desde pequena dei sinais de que era especial. Nasci em um lar e família católica, de pouca instrução, minha mãe é empregada doméstica, filha de seringueiros, e não possui a segunda série. A minha família toda percebia que era especial e fazia de tudo para reprimir meu comportamento feminino. Como eu sei ou lembro-me disso? Fui forçada a criar a comportamentos masculinos. Desde pequeno ouvia desaforos de minha mãe, que me ama muito a pesar de tudo, e dos outros membros da família. Frases como “cria jeito de homem”, “esse menino parece baitola”, “viadinho”, entre outras, faziam parte do meu dia-a-dia desde os meus cinco anos de idade pelo que me recordo. Minha mãe sempre nos criou só pois meu pai resolveu traí-la e trocá-la por outra.

5 de junho de 2013

Ajuda cis!

- Por Leina D. Ziur Alpha Release IV

Olá pessonhas!

Eu sempre tento deixar claro para as pessoas que eu conheço que, caso tenham alguma dúvida sobre minha transição de gênero, podem me perguntar à vontade, contanto que perguntem com respeito. Por mais que não deva satisfação a ninguém, eu entrego para mim (e para mais ninguém) a responsabilidade de acabar com certos tabus que, certamente, causam mais da metade dos problemas sociais que nós todxs temos em relação aos nossos gêneros e orientações sexuais.

No entanto, algumas pessoas não conhecem onde acabam os limites do respeito e do espaço pessoal. Mas já estamos carecas de saber das pessoas que ULTRAPASSAM os limites, então vamos falar das que pecam pelo lado oposto: as que não perguntam com medo de magoar e acabam ficando cercadas num mar de tabus e ignorância.

2 de junho de 2013

Evolução trazida pela nova geração

- Mayra

Crianças transgênerx em fase escolar.
Uma reportagem recente do G1 conta como há uma crescente percepção sobre crianças, em fase escolar primária ou secundária, têm se identificado como variantes de gênero, seja se identificando com o gênero oposto ao sexo biológico, seja se identificando como posicionadx entre ou além das opções binárias.

Isso resulta em uma percepção maior sobre o fato em si - de que transgeneridade afeta crianças e pode tornar suas vidas infernais na ausência de suporte e compreensão - e suscita uma discussão da qual surgem soluções e conscientizações importantes, inclusive através da materialização de projetos de orientação à escolas e leias que protejam os direitos dessas pequenas pessoas.

A reportagem tem um tom um tanto otimista, que pode não condizer totalmente com a realidade atual mas, por outro lado, reflete os sonhos e desejos de um mundo justo para com todos os desviantes da heteronormatividade. Eu gostaria de chamar a atenção para uma estatística na reportagem: 41%. 41% dos entrevistados transexuais tentaram o suicídio em alguma parte de suas vidas. Claro, lembre-mo-nos que esse é um número vindo dos sobreviventes: aqueles derrubados pela pressão social e psicológica, as baixas da nossa guerra, não entram na matemática. Que tipo de mundo é esse onde discordar da opinião majoritária significa, mais ou menos metade das vezes, em sua própria morte? É uma pergunta retórica, obviamente. A humanidade sempre foi assim, com discordâncias políticas, religiosas, sexuais, teóricas, científicas. E é na luta para mudar isso que a identificação desses guerreiros precoces ajuda.

Pela sua sanidade, não leia os comentários de leitores no fim da página linkada.

Beijos


- Mayra