Mais uma vez, acho mais divertida a versão anglofônica do título. "Hormonal Wrong Way" carrega um juízo de valor que nos faz refletir sobre o certo e o errado para cada um. Deixe-me explicar.
Lá pelo começo do ano - janeiro ou fevereiro, não me recordo precisamente (assim como de nada na vida, mas... divago) - eu parei com os antiandrógenos. Dos 5mg diários de Finasterida e 50 de Espironolactona, fiquei com somente 1mg diário do primeiro por controle de queda de cabelo. Para evitar que as entradas laterais do couro cabeludo se desenvolvam, acontecimento de altíssima probabilidade dada a ausência completa de cabelo na cabeça do meu pai e do meu tio. Hoje reflito sobre todos os efeitos e repenso essa atitude.
"O que acontece se eu parar os AA's, May?" Veias. Veias acontecem. |
No primeiro mês sem os AA's, nada mudou. Sério, física ou emocionalmente, um mês não fez a menor diferença pra mim. Veja, tudo que eu vou citar aqui é reflexo de experiência pessoal, e esse tipo de consequência biológica varia demais entre indivíduos. Por exemplo, uma amiga enche a cara de AA's tem três anos e anda que nem um cabide pela casa. Então não veja como uma receita de bolo do que vai acontecer com seu corpo, é só um relato. Continuando, a partir do segundo mês, as veias voltaram. Claro, elas sempre estiveram ali. O que eu quero dizer é que elas voltaram a se tornar bem aparentes sobre a pele. Falando em aparência, ouvi bastante que os músculos do braço também se tornaram mais evidentes, apesar de eu não trabalhá-los mais na academia. O pênis e os testículos aumentaram consideravelmente de tamanho, revertendo o que havia acontecido com o tempo de HRT completa, e isso me deixa preocupada por tornar o volume entre as pernas, em público, um pouco óbvio demais. Os pelos voltaram a crescer na velocidade natural, o que me obriga a raspar a perna a cada dois dias, ao invés de a cada 3 ou 4, como estava sendo antes. A ereção se tornou bem mais comum e a libido foi pelo teto, quebrou, e passou voando. Ontem tinha uma menina de macacão preto na academia, super básico, nada demais. Mas aquela peça de roupa infernal, obra indubitável do capiroto, desenhava tão precisamente suas nádegas que eu poderia fazer um retrato falado dela nua só usando a memória e uma dose pequeníssima de imaginação. Eu tive que cortar a série no meio e ir embora porquê EU estava incomodada de não conseguir tirar os olhos dela. E esse tipo de ocorrência me leva, por último e mais importante que qualquer outra mudança, às alterações comportamentais. O andar, o pensar e o falar se tornaram mais assertivos, mais agressivos. Isso me machuca mais do que qualquer coisa. Só falta eu coçar o saco e cuspir no chão. Bom, na verdade só falta cuspir no chão, mesmo.
Enfim, não sei exatamente o propósito do post, mas pensei que relatos no sentido de "desormonização" são raros e poderiam ser de interesse da galera que faz HRT. No momento, devo re-aumentar um pouco a dose dos AA's e tentar ficar em um meio termo. Sim, eu sei que tudo que cito pode ser efeito placebo, eu sei que não há provas científicas definitivas de efeitos tão minuciosos do testosterona sobre... bom, sobre tantos aspectos em um indivíduo. Eu estou somente contando uma história, não pedindo um julgamento sobre a mesma, por favor.
Beijos,
Mayra
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