15 de maio de 2013

Poliamor Transexual

- Por Mayra

Hoje entrei em contato com a história de Sylvia Knight, Sarah Brown e Zoe O'Connel, uma família poliamorosa de duas mulheres trans e uma cis, e gostaria de mostrar para vocês devido à semelhanças com minha própria vida.

Da esquerda para a direita, Zoe, Sarah, e Sylvia.
Sylvia conheceu Sarah quando está última ainda vivia sua vida masculina, na faculdade. Eu conheci minha namorada antes mesmo disso, na época que fazia curso pré-vestibular, antes de passar no vestibular de Filosofia na UERJ, curso que abandonaria dois anos depois. Sarah era um rapaz nerd e calado, assim como eu. Ela estudou ciência da computação, eu fugi disso tentando diversificar minhas atividades. Me ferrei, tudo hoje em dia só se faz no computador mesmo. Enfim.

Sarah fala em um momento sobre sua paranoia da descoberta alheia de sua transexualidade. Evitava olhar demais para vitrines de lojas femininas para que os outros não reparassem, diz. Me identifico. Parte do motivo de ser uma má companhia para as compras antigamente era a depressão de não poder comprar nos mesmos lugares - a outra parte era atuação para esconder essa vontade.

Quando Sarah fez a transição, Sylvia continuou com ela, e estão juntas até hoje. O casamento se tornou "união civil estável" por causa da burrocracia atual inglesa que não permite casamentos homossexuais, e Sarah mudou os documentos e fez a SRS. Enfim. Eu também continuo com a mesma parceira da vida masculina e, mesmo diante da possibilidade da operação - a qual já abordamos diversas vezes - a conclusão é certa: pretendemos continuar juntas.

Sylvia e Sarah
Com o tempo, Sarah fez amizades no meio trans, tanto de pessoas pós quanto pré-transição. Todas nós, eu acho, não? E acabou se apaixonando por uma dessas amizades, Zoe. Uma menina da qual ela acompanhou a transição, que havia também tido um casamento "heterossexual" mas, diferentemente da primeira história, se divorciou após a mudança.

Sylvia diz uma coisa interessante. O casamento dela, mesmo antes da transição da parceira, parecia se aproximar mais de padrões homossexuais do que heterossexuais, em comparação com as pessoas de seus meios. Minha namorada afirmou algo parecido. Ela sabe agora que a sensação de estar comigo, sexual ou cotidianamente, nunca foi a de estar do lado de um homem. Dã.

Agora as três vivem juntas e constantemente vêem as duas filhas e o filho de Zoe constantemente, já que essa tem uma boa relação com sua ex-esposa e guarda compartilhada. Apesar de eu não viver junto da morena - muito menos de uma terceira ou quarta pessoa - somos poliamorosas e já discutimos essa eventualidade.

E quartos. Quartos são importantes. Na casa das três, tentaram uma época dormir todas juntas, mas a pessoa do meio sempre dormia mal. Agora há dois quartos e uma dança das cadeiras louca. Esse foi outro assunto debatido aqui em casa, e a conclusão foi similar: vários quartos, cada um decora o seu a seu gosto e dorme a cada dia onde estiver a fim. Claro, isso depende também do fato se as outras pessoas se relacionam ou não entre si, com a outra do casal mais antigo, enfim. Esse tipo de relacionamento abarca inúmeras possibilidades que, por não serem numericamente majoritárias na sociedade, exigem discussão passo a passo para tomada de decisões.

As reportagens originais estão no The Guardian e no Blog Transtudo do UOL.

Abram a cabeça, pessoas. Antigamente, o céu era o limite. Daí a humanidade foi à lua. Vá à sua lua. Ao seu Plutão. E adiante.

Beijos

- Por Mayra

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