25 de janeiro de 2013

Feminização de Voz em São Paulo

Abaixo transcrevo uma noticia do G1 sobre um tratamento para alteração de voz que não requer qualquer tipo de modificação física. Sugiro ler o texto aqui, ao invés de no link original, porque não faz bem à saúde mental de ninguém ler os comentários que lá são feitos pelos leitores.

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Com a ajuda de Manuel Bandeira, Denise Mallet transforma voz de travestis e transexuais de SP (Foto: Lívia Machado/G1)
Há três anos, Denise Mallet, 61 anos, ensina as travestis e transexuais de São Paulo a modular a voz. Para que as cordas vocais desse público não sejam prejudicadas, a especialista oferece uma técnica singela e, segundo ela, bastante eficaz. Com poesia, a especialista mostra que é possível assumir uma maneira masculina ou feminina de falar, sem precisar afinar ou engrossar a voz.

O tratamento, pioneiro e ainda único no Brasil, é oferecido gratuitamente no Ambulatório para Saúde Integral de Travestis e Transexuais de São Paulo, projeto realizado no Centro de Referência e Treinamento DST/Aids, onde Denise atua desde 2001. De junho de 2009 a janeiro de 2013, o ambulatório registrou 1.322 pacientes agendados.

Declamando versos, ela ajuda esse grupo especifico a deixar a voz saudável e compatível com o visual já modificado. “Esteticamente é fácil, mas e a voz? É o que denuncia. No caso das travestis, elas usam falsetes, tem uma forma de produzir um som nasal para minimizar o tom grave da voz masculina", explica.

Com voz suave, ela apresenta obras da literatura brasileira em diferentes interpretações.“São pessoas muito nervosas, tensas, machucadas. E a poesia é muito leve. Então, é um momento de paz, serenidade, recebido com prazer. Com a ‘A Rua das rimas’ (poema de Guilherme de Almeida), muitas choram.”

O trabalho demanda tempo, e disponibilidade de ambas as partes. Denise revela que é preciso, em média, 40 a 50 dias para que os pacientes fiquem à vontade. “Tenho que resgatar a voz natural. E isso é muito difícil para esse público. Até mesmo dentro do consultório.”

Para ter êxito com uma população tão carente e fragilizada, Denise desenvolve a técnica de modulação da palavra. O que ela oferece é uma espécie de maquiagem na fala. “Começo a mostrar para o paciente que posso emitir a poesia de várias formas. A voz continua a mesma, mas auditivamente parece outra. O importante não é falar fino ou grosso, é ter um jeito feminino ou masculino de falar.”

A poesia abre terreno para introduzir a prosa. A eficácia, em alguns casos, vai além da técnica. Com a ajuda de Manuel Bandeira - o queridinho da médica - e Cecília Meireles, ela também desperta nos pacientes o prazer pela leitura. “Fiquei muito contente que muitas foram às livrarias atrás dos autores que uso em consultório e descobriram inúmeros outros. Abre caminho para o conhecimento e coisas boas.”

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Fonte: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/01/com-poesia-fonoaudiologa-ensina-travestis-e-transexuais-modular-voz.html

Breve observação: porque diabos o ambulatório para transexuais é um projeto do centro de AIDS e DSTs? Não entendi a ligação. Babaquice isso. Enfim, uma excelente notícia para tantas pessoas que vem à mim perguntar como eu mudei a minha voz, e a quem eu fico devendo tal explicação por simplesmente não lembrar mais.

Beijos,
Mayra

3 comentários :

  1. May, o centro de Referencia e Tratamento nada mais é do que o CRT de SP na Vila Mariana, onde sigo meu tratamento, la é o unico lugar que realmente consegui meu tratamento, nem no HC de SP eu consegui, la para vc ter uma ideia, eu sigo meu tratamento transexual, retiro os Hormonios de graça como Acetato de Ciproterona e Cicloprimogyna sem ter de pagar nada todo mês!
    Acho que fica no mesmo local de atendimento de pacientes HIV/AIDS por muitas pacientes transexuais terem o virus do HIV tambem, acredito que seja por isso, mas não tenho ctz!

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    1. Foi uma pergunta retórica. Eu sei que é por isso. Mas o simples fato das coisas estarem interligadas transmite a mensagem ao público de que transexual e travesti tem DST e, por consequência, provavelmente é prostituta. Essas coisas deviam ser devidamente distintas.

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  2. Concordo com vc, mas este é um dos preconceitos que temos de enfrentar, é muito duro esta situação eu sei disso!
    Não podemos baixar a cabeça para nada e ainda mais para isso!
    Não sou prostituta e nem vc, ainda faremos este Brasil mudar os pensamentos como o resto do mundo esta mudando!
    Tenho ctz!

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