31 de outubro de 2012

Continue a Nadar...

Quanto menos empolgada me percebo para retornar, sequer um dia, ao mundo corporativo, mais concentrada na minha atitude ideológica me torno. Afinal, escrever esse blog, informar tantas pessoas sobre tantas coisas, guiar pessoalmente indivíduos nos mais diversos pontos do espectro de gênero e perceber os resultados à desabrochar lentamente como uma bela flor são boa parte das sensações mais satisfatórias que tenho tido nos últimos meses, e é a minha forma de achar que os recursos globais depositados em mim - a comida que como, o lixo que produzo, a energia que gasto, o dinheiro da família que uso - estão  na verdade beneficiando o mundo, não somente o meu ego inflado.

Nessa linha de pensamento, parece ter começado uma "fase 2" na publicidade da minha vida que pode trazer lindos resultados para mim e para os outros. Ou pode não acabar em nada, tenho esta consciência também.

Segunda feira conversei com um rapaz por Skype. Paulo Castello, em seu curso de Moda, queria falar sobre a importância das vestimentas, calçados e acessórios na construção da identidade feminina. O resultado foi uma conversa agradável e leve de uma hora gravada em áudio que, depois, editarei e postarei pequenos pedaços através de YouTube. O assunto é interessante porque a relevância, além de pesada, é variada - e torna possível discutir o psicológico humano através disso, o papel social de gênero, a visão egocentrada do indivíduo e as consequências nas interações com terceiros.

Ontem estive na Faculdade Pinheiro Guimarães, no Catete, sendo entrevistada, filmada e assistida. Foi um pequeno talk-show para o curso de jornalismo do gentil e simpático Jorge Prado, uma experiencia agradável no sentido pessoal e ideológico - foi satisfatório saber que aquelas 20 e poucas pessoas que estavam assistindo entravam, provavelmente pela primeira vez, em contato com uma história como a minha. E ganhavam a oportunidade de enxergar as trans - inclusive as lésbicas - com o mesmo olhar que dispensam à qualquer pessoa. E eu adorei a experiencia, que resultará  em um vídeo a ser publicado em um futuro próximo.

Por fim, na sessão "eu, eu mesma, e Mayra", está se desenvolvendo um novo contato entre eu e minha equipe cirúrgica, a Facial Team. Esse contato se iniciou pelo Facebook, se materializou no sétimo andar do edifício da Central do Brasil e terminou em um dos mais agradáveis restaurantes do Rio de Janeiro.


O lugar tem carnes deliciosamente bem preparadas, garços educados, arquitetura e ergonomia bem planejadas e, sem dúvida, uma das vistas mais lindas do país. E através esses três meios, além de muita compreensão, comunicação e atenciosidade por parte desses profissionais mais do que qualificados, estamos discutindo os detalhes para uma nova cirurgia em janeiro, em São Paulo, e mais um considerável amuleto de feminilidade na minha imagem corporal. O mais irônico foi conversarmos sobre cortes de carne enquanto cortávamos carne, não?

Beijos,
Mayra

11 comentários :

  1. Ai que inveja boa menina!!!! Que tipo de cirurgia que você vai passar?

    ResponderExcluir
  2. Achei interessante, além do almoço (risos), a entrevista na faculdade ...

    ResponderExcluir
  3. que legal may! vc podia fazer um video (faz um tempinho que vc não faz) bjss

    ResponderExcluir
  4. may estou precisando muito da sua ajuda por favor me responde =O Bom e que eu vou começar a minha transição (talvez esse ano) so que eu fui em diversos endocrinologistas da rede publica e particular so que para minha surpresa não posso ajudar porque a Anvisa diz que não é certo trabalhar com tratamentos feminizantes e que isso seria ilegal e pelo visto eu vou ter que fazer isso sozinha!! eu sei que é uma escolha radical mas é isso ou viver infeliz para sempre a minha familia não e a favor!mas não vou desistir pq para eles e o resto julgar e facil mas vivenciar isso e muito dificil por favor may ajuda ou e isso ou viver em uma redoma de vidro sozinha sem ninguem a minha volta por favor responda bjss =D

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ola Isabel,

      O SUS oferece esse tratamento, mas são hospitais específicos responsáveis por isso em cada estado. Na rede privada há uns poucos médicos que fazem isso, mas eu só conheço um no RJ e um em SP. Há também a opção C: chegar na farmácia, comprar x, y e z e começar a tomar e rezar. Nesse último caso, seria bom fazer exames de sangue a cada três meses para ter certeza que pelo menos não twm algo indo MUITO errado.

      Mas, erm... do que você precisa como ajuda, exatamente?

      Excluir
  5. ai que bom vc me respondeu!! (bom eu estou sozinha sabe ninguem ,ninguem mesmo gosta da minha condição (ano que vem irei sair de casa bom isso e outro assunto ... o que eu quero mesmo saber (eu sei que não é aconselhavel) mas o que eu quero saber e como vc começou a sua terapia para eu ter pelo menos uma ideia do que tenho que fazer pq sozinha e muito dificil ja estou no ponto em que não aguento mais viver assim! bjss obrigada de novo por me responder =D

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu comecei a ir num psicologo, e com dois meses ja comecei a tomar os hormonios do www.transgendercare.com porque me senti confiante. Depois disso é treinar a voz com guias no youtube e simplesmente começar a sair de mulher de casa quando voce achar que sua apresnetaçao visual tah suficiente. No meu caso, achei que estivesse suficiente apos a CFF. =)

      Excluir
  6. OBRIGADA MAY !! SE DEPOIS DE TUDO (QUE EU SEI QUE MUITA COISA VAI ACONTECER) FICAR TUDO BEM COMIGO EU TE AVISO BJUSS!! E OBRIGADA SAIBA QUE MESMO MORANDO LONGE MESMO SEM TE CONHECER PESSOALMENTE TE CONSIDERO COMO UMA GRANDE E IMPORTANTE AMIGA =D

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. De nada, Isa. Se precisar de mais alguma coisa, me avise. Beijinhos

      Excluir