17 de julho de 2012

Esperança

Entre e-mails, mensagens pelo perfil do Facebook, pela Page, contatos pelo GChat, entre outros, a maior quantidade de duvidas é, com certeza, com relação à aceitação pela família. Não de mim, necessariamente, mas da transsexualidade, de como eu acho que a família da pessoa vai responder quando ela revelar sua condição e os passos que pretende dar com relação a isso.

BÃO, né... eu nao tenho como responder como sua família vai reagir. Na maioria dos casos, nem mesmo os próprios membros de uma família conseguem prever as atitudes de seus parentes. Mas eu posso dar-lhes... esperança.

Vejam a seguir o caso de duas amigas minhas.



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A primeira é a minha chefe. Uma menina me adicionou no face porque viu meus videos no YouTube, me apresentou virtualmente para uma amiga do rio que me apresentou ela. Transsexual brevemente estacionada no limbo entre macho e fêmea da espécie humana devido à impecilhos impostos por ocasiões da vida, ela resolveu conversar com os pais sobre o assunto diretamente pela primeira vez... esse mês. Assumo a culpa por tudo. Acho que a firmeza com a qual eu transmito minha felicidade e satisfação é contagiosa, sabe... faz as pessoas acreditarem que aquilo é possível e, além disso, fertiliza a ideia de como aquilo será bom para elas também. De qualquer forma, essa foi, entre outras, a resposta do pai por e-mail:



Sim, é só clicar nessa joça que fica maior e legível.

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O segundo caso é de uma outra amiga, que conheci... nem lembro como. Deve ter vindo falar comigo por causa do blog, provavelmente. Perdoa Aline, esqueci XD (Ok, ela veio me lembrar que nosso contato se iniciou com um e-mail da parte dela que, sendo do Rio, guardava esperanças de poder me encontrar pessoalmente. Corrigido. Feliz? iuaheiuhaieue)

Com ela houve um evento interessante. Ela saiu em público de menina, pela primeira vez, comigo. Nos encontramos no Rio Sul, até aonde ela tinha ido de menino, entrou no banheiro masculino, mudou a roupa um look mais andrógino e depois entrou no feminino comigo onde eu maquiei ela antes de passearmos um pouquinho. Nada demais, um cafézinho no Starbucks e uma bateção rápida de pé. E ela me disse que foi um dos dias mais felizes de sua vida. Me sinto satisfeitíssima de poder proporcionar essa felicidade para uma pessoa, sabe?

Depois desse dia passamos a nos falar mais pela internet e batemos papo com certa frequência. Ela esta dando inicio à sua transição e, também nesse mês, resolveu falar com os parentes mais próximos. Veja ela me contando:

*****

eu contei para minhas tias tudo...

oque eu queria para sábado, como eu sou, como me sinto e etc etc

elas disseram algumas coisas:

Primeiro, que todo mundo já imaginava e ninguém vai me abandonar...

(...)

Terceiro, você sempre se comportou como menina e você sempre foi uma "menininha", logo, não tem nada de estranho.

(...)

Quinto, nos te amamos, homem ou mulher, evangelico ou catolico, de verde ou de azul...
(...)

eu to feliz, meus parentes falaram assim .-. abertamente, foram sinceros… eles disseram que achavam sempre que eu era gay, mas ninguém ia chegar e falar comigo, me perguntar porque isso é assunto meu (quando eles falaram isso eu mudei minha visão deles) mas agora que eu falei… eles falaram tudo que achavam…

cara, eles falaram das dificuldades, falaram que vai ser foda, mas falaram que eu tenho tudo para ser a melhor. (...)

falaram até que seria melhor eu falar pouco a pouco com a familia para acostumar eles e ter o apoio de todos (incluindo os homens, porque minha familia tem homens ultra machistas)

Obs da Aline: "Nyan, desculpo sim esquecer de como me conheceu rsrsrs, porque isso faz parecer que já são anos e anos rsrs"

*****

Então, entendeu? Seja otimista. Vá com fé. Acredite naquilo que você está falando e acredite que aquilo é normal, e essa aura será transferida para seu interlocutor. Outra coisa para entender: não pergunte a opinião da pessoa sobre a qual você vai postar porque ela vai fazer você reler o post 572,8 vezes até estar confortável com o conteúdo... yuaheiuhaieuea

Isso é tudo, pessoal. Amanha ou depois conto um pouquinho de como vai a vida e falo de mim.

Beijos,
MayB

6 comentários :

  1. Oi. Vim parar no teu blog domingo de manhã e acabei passando praticamente o dia inteiro aqui. Confesso que apesar de ter muitos amigos gays e ser bissexual, eu sempre tive um leve preconceito com trans. Eu achava que não era necessário mudar de sexo pela opção sexual, mas lendo o teu blog eu vi que nem sempre existe essa relação. Confesso que ainda estou confusa com o fato de você gostar de meninas, mas não vou negar que achei até interessante! hehehe... Bom, já te curti no facebook e adicionei o blog aos favoritos, fiquei muito interessada na tua história e a forma como tu escreve prende a minha atenção. Parabéns pela coragem de ser quem tu é!

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  2. Que bom que eu consigo quebrar o preconceito assim... devagar, de um em um :) Nos somos mesmo muito diferentes, eu entendo que as pessoas carreguem aversão, a principio. Mas... somos pessoas normais, viu? E, de quebra, ainda te entretenho durante o domingo inteiro. Espalhe o blog também. Conte para aqueles que você acha que gostariam de lê-lo - ou aqueles que estejam precisando faze-lo. Beijinhos, dona Marina. BTW, dos seus três cortes de cabelo, prefiro o meio-cumprimento, depois do ombro ;) Beijinhos

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  3. Ola descobri seu blog por meio do meu namorado que sempre está lendo ele adorei suas histórias e acho vc muito corajosa por ser vc mesma sem ligar para comentários externos parabéns amei o blog msm
    Continuarei lendo ele ^^

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  4. Espalhe-o e passe para @s amig@s! xD

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  5. May, comofas pra adquirir uma família amorosa e compreensiva dessas? Eu sou cis bi e minha mãe vive dizendo que ninguém pode saber da minha orientação sexual senão vou ser um desgosto pra todo mundo, vou matar meu pai do coração, os quatro cavaleiros vão aparecer e com eles, o apocalipse.

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    1. Esse tipo de gente precisa desaparecer para o mundo evoluir. Nao estou te aconselhando o homicidio, mas afirmo que essa mentalidade sao resquicios de algo absurdo, um juizo de valor sobre gostos pessoais. Se ela gostar de votar, lembre a ela como as mulheres nao podiam faze-lo até pouquissimo tempo atras. Se ela tiver amigos negros, lembre de sua condiçao historicamente recente de sub-humanos. Aliais, quando ela discutir com o marido ou um parente homem, lembre-a como isso os dava o direito de espancar-lhes durante a maior parte da historia humana. Talvez ela pare pra pensar em opinioes pessoais.

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